quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Depois é a perspicácia com delicadeza...






Se foi, não mais...

Todos têm uma definição para a falta,
Quando um grande amor se foi,
Ou, a possibilidade de sê-lo é rompida,
Gargarejos, gargalhadas, quanta rispidez,
Gente tola destilando o caldo da sabedoria,
Entornando a fala decorada de aprendiz,
Que ousadia, blasfêmia e insensatez...

Se o termo é derivado ou inventado,
Torneado, requentado ou copiado,
Quantas frases foscas, vazias e frias,
Tanto o fogo quanto a gelidez mordaz,
Não podem conter aquilo que se abstrai,
Incontinenti, nos faz frágil, nos deixa doente...

E na solidão indiferente do que nos falta,
Sobram palavras para encobrir o silêncio,
Como se tudo pudesse ser justificável,
E o sentimento em pecado suspenso...

Dentro dos dias, não mais agonias,
Dentro das horas, livres de atrasos,
Dentro das almas, presos os desejos,
E nos olhos que buscavam caminhos,
Há o brilho selvagem da esperança,
De que os sonhos se perpetuem,
Sem as ironias de algum destino,
Nos impulsione a um novo voo...


Vera Fonseca –