quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Diário



Diário

Guardo em mim segredos.
Chave poderá abrir.
Deixo a porta aberta.
Mas poucos podem entrar.

Fulgentes são os que não se sujam facilmente,
Os que ouvem, os que choram,
Agasalhando de alguma forma.

Da janela do meu quarto posso ver o sol,
O céu, as nuvens,
Mas não sei quando vai chover,
Por isso sei que sou ser humano.

Não sei todas as coisas.
O que pra muitos pode ser pouco.
Pra mim é o necessário.
Olho os olhos dos sábios.

Quero um giz,
Vou brincar de amarelinha.
Aprendi que idade são apenas anos,
Data comemorativa.
Comemoramos todos os anos um novo ano.
Por que não comemorar todos os dias
Uma nova vida?

Papel em branco.
Loucura ou inteligência?
Escrever uma poesia,
Onde só o coração possa ler,
Pra mim e pra você,
Pois o sonho mais distante
Pode ser o que está mais perto.
Como saber?

Uns falam muito porque não ter nada a dizer.
Para os que ouvem tiro meu chapéu.
Se quiser dizer alguma coisa aproveitável,
Peço que venha me encontrar.
Tornei-me aluno. Fiz-me pequeno.
Muitas coisas aprendi.

Quanto mais pergunto, mais eu sei.
Com letras de ouro,
Em linhas de prata, em um caderno anotei.
Joguei fora as folhas velhas.
Partes importantes guardei.
Hoje estou mais perto de saber o que não sei.

Muitos querem saber várias coisas.
Quero saber o alfabeto das coisas belas,
Seu nome sem vírgulas,
Pois se conhecer você,
Vou poder decidir algumas coisas.
Outras coisas decidem por si mesmas.

Direi quem eu sou,
Quando você mostrar-me quem você é.
Desenharei a minha imagem.
Meu segredo, uma das chaves.
Basta responder, quando ver,
Com qual das partes você irá ficar.

Se for meu coração,
Pode ter certeza que terá.
Se não for, peço desculpa,
Pois amor por mim não há.

*Anderson Gouvêa*