sexta-feira, 2 de maio de 2014

Chorou o coração



Chorou o coração

Estar sozinho não é uma escolha, pois passaram por nós, e nós, com uma breve esperança, esperamos alguém dizer: Olá, como está você? Mas não disseram, por isso, mais uma vez o peito gritou, e gritou sozinho.

E o grito, em meio ao silêncio, fez algo brotar dos olhos, e como pingos de chuva sobre as casas, pingaram sobre o solo, ecoando como música, compondo uma nova sinfonia.

“Não escolhemos quem amamos, pois amor é amor, e amar e saber agradecer mesmo no sofrimento.”

Por isso, não reclamamos, apenas rasgamos as notas tristes, porque plantamos flores, e não espinhos.

Porque sabemos que pagamos um preço por cada sonho, e por saber, continuamos, mesmo quando, disseram para esquecermos.

Porque não vivemos somente de vitórias, reconhecemos que a derrota faz parte da vida, que feridas são abertas, que o tempo da dor é a nossa escola.

Porque somos o que somos, falamos o que pensamos, amamos e amamos.

E nosso amor é loucura, pois não esperamos receber aplausos, e não fazemos barulhos, apenas fazemos, e fazemos de coração, e por isso, às vezes, chorou o coração.

Chorou por esperar um abraço, pois vivemos em um mundo de serpentes, onde o maior humilha o menor, e o menor, o humilhado, só queria dizer:

-Senta aqui do meu lado.

Estar sozinho não é uma escolha, mas apenas uma fase, e não é fácil suportar, e ninguém disse que seria, pois como explicar para o coração que é necessário sofrer para aprender como um ser humano deve ser.

Não procure explicar, mas apenas compreender, porque o sonho que sonhamos:
-Em breve vamos receber!

E o dia nascerá mais límpido, com o sol resplandecendo no horizonte, revelando que tudo que passamos já passou, por isso sorriremos, e ouviremos:

-Eu Sou Fiel.

Anderson Gouvêa 
Livro: Desilusões
Lançamento previsto: 2014