segunda-feira, 23 de maio de 2016

O Vento e a vidraça_



O Vento e a vidraça_

O vento espalha no espaço o cheiro de flores 
de maio azuis, 
e da vidraça da sala eu aspiro o perfume.
Os meus olhos fixos onde vejo os vales 
que ainda posso sentir e respirar.
Brisa leve que edita o que eu sou, 
e o que posso pensar ser...
Homem e menino com esperanças de alçar voos 
gentis, vagando neste meu olhar distante.
Por momentos penso que posso tocar o infinito, 
e sentir com meus dedos cada estrela que brilha 
neste deslumbrar que vago.
Coisas que ninguém pode compreender, 
mais eu ainda posso
viajar e sentar nas esquinas dos meus pensamentos 
e delirar.
Momentos que tenho em uma vidraça embaçada, 
agora pelo suspiro forte do pulsar de meu coração.
É como se cada compasso de meu eu, fosse 
o mais alto acorde de uma sinfonia que eleva minha alma 
nesta noite fria e tão minha.
E toca-me como um dedilhar a cada nota que imagino, 
e em meu sentir os toques que só eu consigo 
notar a melodia que deixa-me ver tudo o quanto 
quero viver e imaginar...
Loucuras ?! 
Pensariam as pessoas sensatas, mas nunca saberiam 
como sou por dentro quando calado. 
Estou diante do que a mais pura areia pode fazer, 
este vidro que espelho-me em vultos sombreados,
onde é a transparência deste meu ser.
Eu sorrio, pois ainda que falando sozinho posso viver 
o que minha mente produz sem escutar as críticas de
alguém que passa bem lentamente na calçada agora,
sem perceber
que estou aqui vivendo o que alguém jamais 
pode e saberá ser, 
tudo o que eu quero e me deixo levar a ser.....
São loucuras minhas ! 
Doces momentos, contemplo o que minha mente alcança 
e meus pensamentos descrevem...
Parte de mim é como reflexos, e outra névoa embaçada 
nesta noite fria, que entra se fazendo madrugada.
E assim me deixo vagar entre o que sou, 
e até onde posso ir...
Diante de uma vidraça de minha sala, 
diante de minha alma que vaga.


_____Joe Luigi