O Vento e a vidraça_
O vento espalha no espaço o cheiro de flores
de maio azuis,
e da vidraça da sala eu aspiro o perfume.
Os meus olhos fixos onde vejo os vales
que ainda posso sentir e respirar.
Brisa leve que edita o que eu sou,
e o que posso pensar ser...
Homem e menino com esperanças de alçar voos
gentis, vagando neste meu olhar distante.
Por momentos penso que posso tocar o infinito,
e sentir com meus dedos cada estrela que brilha
neste deslumbrar que vago.
Coisas que ninguém pode compreender,
mais eu ainda posso
viajar e sentar nas esquinas dos meus pensamentos
e delirar.
Momentos que tenho em uma vidraça embaçada,
agora pelo suspiro forte do pulsar de meu coração.
É como se cada compasso de meu eu, fosse
o mais alto acorde de uma sinfonia que eleva minha alma
nesta noite fria e tão minha.
E toca-me como um dedilhar a cada nota que imagino,
e em meu sentir os toques que só eu consigo
notar a melodia que deixa-me ver tudo o quanto
quero viver e imaginar...
Loucuras ?!
Pensariam as pessoas sensatas, mas nunca saberiam
como sou por dentro quando calado.
Estou diante do que a mais pura areia pode fazer,
este vidro que espelho-me em vultos sombreados,
onde é a transparência deste meu ser.
Eu sorrio, pois ainda que falando sozinho posso viver
o que minha mente produz sem escutar as críticas de
alguém que passa bem lentamente na calçada agora,
sem perceber
que estou aqui vivendo o que alguém jamais
pode e saberá ser,
tudo o que eu quero e me deixo levar a ser.....
São loucuras minhas !
Doces momentos, contemplo o que minha mente alcança
e meus pensamentos descrevem...
Parte de mim é como reflexos, e outra névoa embaçada
nesta noite fria, que entra se fazendo madrugada.
E assim me deixo vagar entre o que sou,
e até onde posso ir...
Diante de uma vidraça de minha sala,
diante de minha alma que vaga.
_____Joe Luigi